Vejo com muita preocupação o rumo que a política
nacional vem tomando nos últimos anos. Apesar da quantidade exagerada
de partidos políticos, é possível notar que praticamente todos giram em torno
do mesmo ideal: manter o poder a todo custo.
A ideologia política se perdeu dando lugar aos
acordos escusos e duvidosos, cujos interesses apenas podemos supor. Mas o pior
mesmo é presenciar adversários históricos tão contundentes apertando as mãos;
no mínimo decepcionante – isso para não dizer algo pior.
O que há muito tempo tentei negar a mim mesmo,
mas agora se tornou inevitável, é o sentimento de que vivemos um retrocesso em
todos os aspectos da política e das atividades que dela dependem para se
manter, como a saúde pública, educação e segurança.
No final do século passado houve uma grande
reforma administrativa do Estado com boas perspectivas de mudanças. O Brasil
passou a utilizar um modelo gerencial de gestão da coisa pública, focando a legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência – art. 37, CF –, que
deveriam ser os pilares edificadores da gestão da coisa pública. No entanto, nós
nos esquecemos de mudar algo essencial: as pessoas.
Esse modelo bem montado de gestão se mostra
inócuo àqueles que ainda mantêm uma mentalidade patrimonialista sobre a coisa
pública: acreditam que o público e o privado se misturam, acham-se donos de
cargos, bairros, cidades etc. Obrigam-nos a engolir as suas vontades e não se
preocupam com a vontade coletiva. Maquiam números, subornam fiscais, compram
aliados e tudo continua igual aos olhos de milhões.
Olho para a minha cidade e noto, com tristeza,
que ela se tornou um curral eleitoral, que voltamos ao tempo das oligarquias. O
pior é notar que esse fenômeno se propaga por todo o país, mas não apenas nos
municípios: inclui grandes regiões metropolitanas e também vários estados da
federação.
A população fica em uma situação difícil, bem ao
estilo “se correr o bicho pega, e se ficar o bicho come”. Há grande quantidade
e nenhuma qualidade nos candidatos, salvo raríssimas exceções, pois também não
posso ser injusto com aqueles bons candidatos que eu posso contar nos dedos de
uma só mão.
Há pouco tempo um promotor federal disse-me que
em torno de 70% das leis feitas no país por nossos legisladores são inconstitucionais. Agora eu
pergunto: se você faz 70% do seu trabalho errado, você continua empregado?
Então por que você continuaria a votar nas mesmas pessoas? Por que você
continuaria a eleger as mesmas famílias que dominam o cenário político há tanto
tempo?
Agora eu faço apenas mais uma pergunta: você tem
merda na cabeça?!
Como o meu voto é tão precioso e importante, não
jogarei pérolas aos porcos e anularei tanto o voto para prefeito como para
vereador. E farei isso porque a verdade é que ninguém o merece.
3 comentários:
Disse tudo....
Boa Daniel!! É bem isso mesmo, e isso não é jogar voto fora, é simplesmente se posicionar democraticamente...
Aproveito o momento para fazer meu trabalho de "cabo eleitoral" e pedir o voto de todos para o Desce Mais Uma! no Concurso de blogs, de repente este ainda merece...rsrs
Abraçosss....
Obrigado pessoal!
Realmente, votar nulo diante da falta de opções não é jogar o voto fora. Votar nulo é o verdadeiro voto de protesto, e não votar no Tiririca.
O povo brasileiro precisa levar mais a sério as eleições e fazer valer o seu direito de exigir condições melhores daqueles que elegeram, ir para as ruas, fazer grandes passeatas, propor mais leis a partir da iniciativa popular.
Enquanto a população não participar da vida política do país, continuaremos a cair nesse poço que parece não ter fundo.
E por favor, não me venham com esse papo de que somos um país jovem, pois fomos colonizados pelo Velho Mundo.
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